terça-feira, abril 24, 2007

desempenho VS performance

« grito em'Mim »


| 9ª semana |

2ª feira

desempenho...

Será isto uma performance ou um desempenho?
é uma e a mesma coisa?


" dois desempenhos "



iniciei ambos os "desempenhos" com um exercício de relaxamento

" 1º desempenho
  • deitada (sinto o corpo mais liberto, menos pesado)
  • tentei encontrar a música
  • tentei que ela entrasse em mim
  • os movimentos não estavam coordenados com a música
  • o próprio SOM estava em descoberta
  • pouca sintonia
  • corpo fraco
  • corpo feio
  • corpo parado
  • corpo pesado
  • imagem desinteressante


Quero algo esteticamente agradável

" 2º desempenho
  • de pé
  • o corpo estava disperso
  • de olhos fechados tive medo de me magoar (o chão tem vidros)
  • o edifício obriga-me a ficar de pé
  • o corpo esteve mais coordenado com o som
  • libertei
  • soltei
  • gritei
  • fiquei exausta
  • o 2º desempenho está mais perto do fuga de um grito

O som quando entra é violento,
quando sai é nada, é vazio

A estrutura não está definida, vejo-me numa estrutura improvisada,
por outro lado, existem duas coisas bem definidas:
o ponto de partida sonoro e físico.



fotografia | João Lopes Cardoso


já tenho um possível tempo, 15 a 20 minutos



quarta-feira, abril 18, 2007

Quero ser corpo sem mente

Ponto de situação

Hoje olho para a minha “coisa” e vejo-me
mais perto de uma possível performance.


(eu sem mim)

É provável que não mostre
a solução final... mas sim um caminho.

Há duas questões importantes para
pensar e resolver.

  • O tempo da performance
  • Qual o ponto A e B


O tempo da apresentação performativa ainda
não está definido... terá de ser limitado?
Por outro lado, já tenho um possível ponto de partida...
sentada na mesa ou deitada no chão?


O corpo é o espaço a ser explorado


Quero explorar a questão do corpo vivo e morto,
enquanto extremos de percepção.

Revejo-me numa solução de movimentos diários...
calmos e tropeços, para conseguir tocar na
desmaterialização do ser.

Pretendo explorar o impulso que
me movimenta e me faz morrer.


A meu ver, o ser humano não está sempre em Grito,
por outro lado, há pessoas que se vêm sempre assim.
E a representação da morte, é um grito calado?

A morte ou a passividade é algo que quero representar.
Imagino a representação da passividade através
de um corpo neutro manipulado,
como se fosse uma marioneta.

Por outro lado, gritar em movimento,
mesmo que parada é uma das essências do Fuga.


"De olhos fechados quero ser o corpo sem mente"

Quero sentir o corpo tal como ele é.
É óbvio que é difícil de sair da mente,
mas quero substitui-la pelo grito.

Gritar em mim é o processo prático criativo e talvez o nome ideal para
“a minha coisa”, embora a “minha coisa” não seja só Grito em MIM,
pois tem mente e intimidade, ou seja, tem Fuga em’Mim.

Fuga de um grito divide-se em dois

A FUGA e o GRITO

A FUGA é a fuga de uma essência que
desejo que o público toque...

Isto é,

quando sinto que uma peça cabe em mim...
é porque consegui tocar nela, e encaixou em mim.
Sentindo-me completa!
É isso que eu quero que as pessoas sintam...
A Fuga é a essência artística,
passada em Grito.

O GRITO, por sua vez, é o acto criativo.

Acredito que só GRITAREI em mim,
quando me sentir exausta.
De modo a sentir o corpo e o grito num só
.

???

Será que algum dia chegarei ao grito? E à fuga?

A fuga poderá ser ou não atingida pelo público...
e o grito, poderá ou não ser atingido por mim?


Será que estes dois “conceitos” poderão
ser sentidos individualmente ou um condiciona o outro?

Será que conseguirei atingir o público,
sem ter chegado ao Grito?


Ou

O público consegue tocar na fuga
sem eu saber que estou em Grito?

Ou

O público só sentirá a fuga se eu estiver em Grito?

O público, poderá dizer que sentiu algo...
e esse algo pode ser falso.
Falso para mim?
Ou para eles?...

Fico por aqui... Preciso de "per formar" para descobrir...


terça-feira, abril 17, 2007

Grito em MIM no solo


Juntando a improvisação da 1ª aula
e as substâncias estranhas do armazém...
vou tentar abandonar o corpo.



O solo é rico em texturas... e sujo na cor.

Necessito de me abandonar naquela sujidade...
de modo a incorporar melhor o impulso do corpo morto e vivo.
Vamos ver se consigo... os próximos dias esperam-me.


Fugas, MiM's e Gritos

Fuga em MIm,
Fuga de um Grito
ou
Grito em Mim?


As pessoas andam confusas!
Não entendem porque razão o meu projecto se chama
Fuga de um Grito e por vezes Fuga em Mim...

Fuga de um Grito é o projecto, o resultado.
Fuga em'Mim é o local onde ME recolho,
bem como o nome deste blog.

Para fazer o Fuga de um Grito,
tenho de olhar para dentro de mim... e fazer uma Fuga em MIM.

Por outro lado, iniciei o Grito em MIM
que é o desenvolvimento prático do projecto em si.
Tudo o que descubro na prática está a ser
produzido em GRITO realizado por MIM


2ª aula Grito em MIM


13 de Abril
Local: Armazém


A 2ª aula foi muito idêntica à primeira,
com a particularidade de ter sido no local da apresentação pública

Antes de mais é necessário realçar que descobri que
provavelmente não terei a minha peça concluída no dia da apresentação...
talvez irei finalizar noutra altura...

Não sei se a falta de tempo é um motivo...
apenas sei que é um projecto de conhecimento,
e que por isso demora o seu tempo.

Na tentativa de improvisação...
voltei à procura de um ponto A e B.

O ponto de partida foi
esta mesa aqui...

O ponto B um local indefinido.

Iniciei sentada na mesa...

Desta vez a improvisação foi feita de pé.
Fechei os olhos... não consigo sentir o corpo de olhos abertos.

"O olhar faz ruído no corpo."

Como gostei da improvisação da 1ª aula..
tentei criar o corpo morto/vivo ao alto... mas foi muito difíci
l.

"O solo dá-nos espaço... o ar dá-nos o vazio.
não me consigo sentar no vazio!"


Em conversa com... e a Mestre

11 de Abril
Local: rota do chá

Em substituição de uma aula,
Eu e o João fomos discutir a minha "coisa"


Disse-lhe que abandonei o meu projecto por uns tempos,
porque estava a ficar obcecada.
O fuga de um Grito estava por todo lado... achei que seria um exagero...
e tive de me ausentar, para não me desviar do motivo que me trouxe até aqui.
Achei curioso saber que artistas que não separam
a ARTE/PROJECTO da sua VIDA

Não querem e não conseguem distinguir uma coisa da outra. está tudo no mesmo.
É uma maneira de estar e de viver.



Após ler o projecto o João
disse qualquer coisa do género:

"O projecto é tão teu,
tão íntimo que não
entendo porque queres mostrar aos outros!"


Existe arte, quando criamos algo só para nós?

Segundo sei deve existir 3 elementos
O artista criador, a Obra e o Receptor.

será verdade? ou são apenas teorias?

Após uma longa conversa... o João disse-me que falou
com a Margarida Mestre sobre o meu trabalho.
Margarida Mestre,
para quem não sabe,
é uma das minhas referências.
Se a trouxer ao Porto,
"corro o risco" de ela
TOCAR na minha "coisa"

Aqui fica um excerto da fantástica peça que fui ver!

"Fuga em MI menor"

"Sabia-se de como se escondia, de como fugidia e vadia,

subia ao mais alto ponto que no lado oposto decaía, descaía...
Descaía dia após dia. Derretia.

Queimava e depois derretia, dizia...Dizia-se!
Sabia-se...
Sabia-se que chegava e depois partia, sentia e ía.

Sabia-se que existia...
Que se deitava e levantava, comia e dormia, chorava e ria.

Dizia-se que não se via.
Transparecia, dizia...Dizia-se!
Sabia-se..."


1ª aula do GRITO em MIM

9 de Abril
Local: Palácio de Cristal
Música: Kings Of Convenience

Grito em MIM


Estaria eu à procura da técnica?

conhecemo-nos sentados...
falamos sentados...
falamos a segunda vez sentados...
à terceira vez deitados...
desenvolvemos o meu/dele e nosso projecto deitados...
e assim iniciamos a primeira aula.


"Hoje vais tentar conhecer o teu corpo...
desde os membros, às articulações..."


Sem me conhecer... ele não me pode ajudar!

A primeira aula iniciou-se com um relaxamento total do corpo.

"O corpo tem de colar ao chão"


exercício


O João moveu os meus braços, mãos, pernas, ancas, cabeça...
de modo a encontrarem-se totalmente neutros.

O corpo morto... é uma questão que quero abordar.



exercício


Relaxei tanto que não me conseguia mexer.
Eu tentei mover, com a mesma leveza, os braços, as mãos,
as pernas, as ancas... sem tentar exercer grande esforço.
É difícil, os músculos ficam tensos.

ainda faltavam 10 minutos.


exercício

(livre)


Ir de um ponto A a um ponto B
Gostei deste exercício. Deu-me liberdade para me exprimir.
Tentei manipular-me enquanto corpo vivo e morto.
Quase como se existisse um
impulso que me movesse e que depois morresse!
de olhos fechados...
O "chão relvado" foi o espaço de exploração.



segunda-feira, abril 16, 2007

Em conversa com...


Quando uma pessoa está sempre em GRiTO...
é porque estamos a falar de um futuro
grande jazzista português.

Ele fala com as TECLAS...


Renato! o homem que me confundiu.

"falta realidade no teu projecto" disse ele.

Segundo João Costa:
"se uma pessoa está sempre em Grito nunca vai conseguir que as pessoas o ouçam".

Empolgada com a minha "coisa", procurei o Renato.
O seu Ego de artísta fez-me pensar que me poderia ajudar.
Confundiu-me na verdade!

O Renato acredita que a minha mente tem tudo.
Mas preciso de exteriorizar, e como não
tenho conseguido... acredita que "falta realidade".

Assim sendo ele aconselhou-me a fazer
o projecto todo sozinha...
desde a música à dança.

OU

Falar com o João Costa e com
o André de modo a eles exteriorizarem
o projecto por mim.


Já que eles têm os mecanismos necessários
para a concretização do mesmo.

Embora compreenda a perspectiva do Renato, quero que as
pessoas percebam que esta "coisa" é minha.
Não pretendo ser apenas a mente.
Quero ser mente e criadora de modo a exteriorizar aquilo que é meu.
Até posso ter um óptimo bailarino ao meu lado,
mas por muito que me faça entender...
é complicado pôr uma pessoa a exteriorizar o que eu sinto.

Será que me faço entender?

Em residência em Torres Vedras

O workshop "Vou a tua Casa"


Dava a possíbilidade de alguns alunos serem convidados para
participarem na "Oportunidade do espectador" um projecto
que se irá realizar em Outubro deste ano,
no festival A8 em Torres Vedras.

Pois bem, o projecto

"Fuga de um Grito" e a autora deste mesmo "EU"

fomos convidados, para participar neste Festival.

Obrigado Roger!




Fuga de um Grito faz comichão aos ignorantes.

Após longas semanas sem escrever,
faço hoje uma pausa no silêncio e revelo o que se passou.


Dia 19 de Março foi a
2ª apresentação à turma

da minha coisa

O fuga de um GRITO tem um longo percurso
e lamento ter dito tão pouco.
Mostrei pouco e resumi muito.
As pessoas não conseguiram TOCAR NELE.
O facto de não tocarem...
fez com que a maioria das pessoas, não compreendesse.

Umas riram-se, outras criticaram, outras ridicularizaram...
outras acharam completamente descabido, principalmente ...

Quando ponderei estar em Life-zone ou
até mesmo em Performance.

Será que sou louca? ou as pessoas inacessíveis?

Reparo hoje, que quando alguém se empenha
realmente em algo que gosta, e torna essa "coisa"
o centro da sua vida, torna-se polémico, torna-se
constrangedor para quem recebe.
Talvez porque as pessoas não tem essa capacidade de se entregar
e de produzir à volta da sua vida.

Onde está o gosto pela Arte?

"Ouvi dizer que estavas armada em Artista!!!",
(...) "cheia de conceitos..."
e de seguida pergunta...

"Afinal... o que é o teu projecto?"

A crítica foi gerada... mas a curiosidade,
tornou-se ainda maior, assim vejo que o
Fuga de um grito faz comichão aos ignorantes!

As pessoas quando não sabem, criticam...

(Antes que me esqueça... tenho uma fuga lumínica para vos mostrar...)