LIFE-ZONE
Aqui está a verdadeira razão porque retirei o pedido de desculpas.
| estado: LIFE-ZONE |
Joana diz:
ola Roger.
Rogério diz:
oi!
Joana diz:
Tu não viste a minha performance,
mas os meus colegas também não.
Roger diz:
ai não?
Joana diz:
não
Joana diz:
e se o meu projecto é o meu processo..
eles antes de verem a performance
têm de conhecer o processo.
Joana diz:
certo?
Rogério diz:
não necessariamente
Rogério diz:
tu podes ter o processo dentro da tua apresentação
Rogério diz:
nesse caso, terias de dizer que a tua performance
já começou, quando começaste a trabalhar nela
Rogério diz:
e aí o processo seria encarado de uma outra forma
Joana diz:
mas.. como exteriorizo isso?
Rogério diz:
não é uma questão de exteriorização,
apenas e só de nomeação
Rogério diz:
ou seja, se tu dizes, o meu processo é o meu resultado,
o público vai ver um ensaio teu (por exemplo)
e encara-o como resultado
Rogério diz:
ou como uma peça desse resultado
Joana diz:
hmm..
Joana diz:
mas segundo aquilo que eu tenho feito
"os meus desempenhos",
julgo que iria resultar algo demasiado vazio
Joana diz:
ou então.. intrigava o espectador.. e ele após a performance
sentiria interesse em saber o que está por detrás disto tudo.
Joana diz:
poderá ser?
Rogério diz:
possivelmente
Joana diz:
ok
Rogério diz:
aquilo que eu acho é que quanto mais
pensarmos no papel do espectador,
menos nos aproximamos dele
Joana diz:
perdi-me
Rogério diz:
por isso é que a mim não me choca nada que tu
tenhas feito uma coisa de ti para contigo
Rogério diz:
porque isso é que é arte!
Rogério diz:
eu não concebo arte de outra forma
Joana diz:
perdi-me com o turbilhão de cenas que ouvi
Rogério diz:
é natural
Rogério diz:
já leste o mail que te enviei?
Joana diz:
talvez AINDA não tenha estofo suficiente para dizer
ISTO É MEU, isto é a minha arte
Joana diz:
sim
Rogério diz:
minha querida, só podes ter estofo para isso!
Rogério diz:
o contrário é que seria altamente perverso
Joana diz:
estou a dar em doida
Rogério diz:
se tu, com a tua idade e a tua experiência,
te pusesses já com grandes elaborações sobre
o papel do publico, isso sim, seria preocupante
Rogério diz:
eu sinceramente não percebo as pessoas...
Rogério diz:
não estou a falar de ti, obviamente...
Joana diz:
ok
Joana diz:
ja apaguei
Joana diz:
por vezes sinto me sozinha nesta batalha.
Joana diz:
que nervos
Rogério diz:
por isso é que eu te dizia para te apoiares
nas pessoas (profissionais) que te acompanharam
durante este processo
Joana diz:
elas andam sempre em meu redor
Joana diz:
e nunca me colocaram as questões que hoje foram feitas.
Joana diz:
por isso é que entrei em pânico
Joana diz:
é legitimo que eu diga: o meu processo é o meu resultado?
o meu processo é demasiado rico para o resultado.
por isso necessito que conheçam o meu processo.
Joana diz:
por outro lado, o ideal era que o resultado fosse bombástico,
para que não houvesse necessidade de socorrer ao processo.
Joana diz:
já fiz tanta coisa, que me perdi em mim e no meu processo. preciso de me situar.
Rogério diz:
pois, esse é que me parece ser o problema
Rogério diz:
é essa necessidade que as pessoas têm se ver
"coisas bombásticas" a acontecer
Rogério diz:
essa paranóia pelo "espectacular" que me
irrita profundamente
Joana diz:
hi hi
Rogério diz:
por isso é que eu digo que deve haver aí
muito preconceito e ignorância
Rogério diz:
e deves ignorar isso!
Joana diz:
quando disse bombástica, é a cena deles conseguirem TOCAR
Joana diz:
o que eu queria é que as pessoas sentissem
a FUGA, que é a mesma cena que eu sinto
quando vou ver algumas performance.
é quando a cena bate bem lá no fundo
Rogério diz:
pois, mas tu não podes ter esse tipo de
expectativa em relação ao público
Rogério diz:
porque as pessoas são todas muito diferentes
Joana diz:
eu sei... nem sei se vou conseguir..
mas um dois objectivos é esse.
Rogério diz:
e uma coisa que te bate a ti, pode não bater
às 30 pessoas que por acaso foram ver a tua performance
Rogério diz:
tu só consegues mesmo ter algumas certezas
(e ainda assim podes enganar-te)
se trabalhares com cada pessoa individualmente!
Rogério diz:
caso contrário, terás sempre pessoas que vão
sentir aquilo que tu esperas e outras que não
Joana diz:
então qual é o intuito da minha performance?
Rogério diz:
como artista, tens que estar permanentemente
disponível para que o espectador faça as
leituras mais disparatadas em relação ao teu trabalho
Joana diz:
eu sei que para po-las a TOCAR é difícil..
mas fazê-las perceber é essencial.
Joana diz:
não posso criar arte para o vazio.
isso não é arte?
Rogério diz:
é como te digo no mail: a arte tem que te
servir a ti em primeiro lugar
Joana diz:
era bom que todos tivessem disposição para isso
Rogério diz:
logo, nunca será para o vazio
Joana diz:
mas arte só para me servir a mim, não é arte.
tem de ser sentida como tal pelos outros. certo?
Joana diz:
então as pessoas que estão a colaborar
comigo, bem como professores..
basta para a minha arte ser legítima?
Rogério diz:
a partir do momento que tu abres as portas
daquele armazém e deixas as pessoas entrar para te ver,
estás a partilhar a tua arte
Rogério diz:
deixa de ser só tua
Rogério diz:
é esse o instante em que o teu processo Se legitima
Joana diz:
hmmm.
Joana diz:
ok .. já percebi
Joana diz:
OBRIGADO
Rogério diz:
em já passei por processos em que nunca,
mas mesmo nunca, pensei no público
Rogério diz:
já cheguei mesmo a dirigir um workshop
em Braga sobre isso
Rogério diz:
os alunos faziam tudo de acordo com um
único lema: "as coisas que me dão imenso prazer fazer"
Joana diz:
fixe
Rogério diz:
se for dançar durante 6 horas, seja!
Joana diz:
precisava de outro VOU A TUA CASA
Joana diz:
parece que estou com amnésia
Rogério diz:
abrimos as portas ao público e o público passou-se
Joana diz:
acredito
Rogério diz:
houve quem tivesse detestado, quem tivesse achado que
estávamos a gozar com eles,
e houve pessoas que foi a melhor coisa que viu na vida
Rogério diz:
e isto é fantástico
Joana diz:
hi hi
Joana diz:
isso é porreiro
Joana diz:
mas se ninguém tivesse gostado.
ia considerar se estava no caminho certo ou não
Rogério diz:
isso depende muito das pessoas que vão ver
Rogério diz:
por isso é que eu te sugiro no mail que
penses muito bem nas pessoas que foram ver
Rogério diz:
que tipo de pessoas eram na generalidade
Joana diz:
ok
Joana diz:
professor Helder, Sónia, Susana, Helena e a Cristiana
Rogério diz:
porque nós não andamos aqui a
"fazer as coisas para público"
Joana diz:
o João costa também já viu
Rogério diz:
mas também não andamos aqui a
preocupar-nos só com uma faixa muito
especifica de publico
Joana diz:
a cristiana enviou-me um e-mail.
Alertar-me para algumas questões
Joana diz:
a cena que me intriga é que só
tenho na realidade 1 pessoa muito
interessada no meu projecto
Joana diz:
essa pessoa é válida?
Joana diz:
o que me intriga é que o facto das pessoas
me estarem a ajudar e a opinar,
não quer dizer que acreditem na minha cena
Joana diz:
ou será que acreditam e isso esta subentendido?
Rogério diz:
tu és uma rapariga muito complicadinha,
valha-te deus!
Joana diz:
...
Rogério diz:
acho que pensas demais!
Joana diz:
talvez
Rogério diz:
em primeiro lugar, se tiveres só uma pessoa
interessada no teu trabalho, optimo!
Rogério diz:
mais um preconceito:
o da quantidade em vez da qualidade
Joana diz:
ok.
Joana diz:
vou parar de pensar
Rogério diz:
apoia-te nessa pessoa,
ou nesse grupo reduzido de pessoas
Joana diz:
vou entrar em IT
Rogério diz:
eu, por exemplo, posso dizer-te que desde
há dois anos para cá,
deixei de me preocupar com críticos
Rogério diz:
porque cheguei à conclusão que não havia
um único em Portugal que entendesse
deveras o meu trabalho
Rogério diz:
comecei a ver quem é que via o meu trabalho
com olhos de ver, e virei a minha
atenção para outras pessoas
Rogério diz:
espectadores comuns, essencialmente
Rogério diz:
mas também estudantes, académicos,
investigadores, etc.
Joana diz:
tens razão.
Joana diz:
só estou a teimar numa cena.
O meu processo é o meu projecto.
porém posso apresentar única e simplesmente
a minha performance sem que o
publico conheça o processo.
Joana diz:
é sempre legitimo.. porque já reparei que o que
mais me preocupava era se
estava a CRIAR arte ou não.
Rogério diz:
pois
Rogério diz:
e isso não pode ser uma preocupação!
Rogério diz:
era o que eu ia dizer-te a seguir
Rogério diz:
e foi o que nós estivemos a trabalhar no workshop
Rogério diz:
tu tens quer dar às ideias a "forma" que elas trazem com elas,
mesmo que essa forma te pareça pouco ou nada "artística",
pouco ou nada "espectacular", entendes?
Joana diz:
e já vi que estou, porque tenho pessoas que o
compreendem.. nem que seja uma pessoa.
Rogério diz:
por isso não podes pensar se estás ou não a fazer arte
Rogério diz:
lembras-te daquele exemplo do 'fui' que e vos dei,
de eu ter ido procurar publico para os
espectáculos em torres Vedras?
Joana diz:
sim
Rogério diz:
eu até à ultima hora nunca soube que
"forma" é que a apresentação publica ia ter
Rogério diz:
mas estava seguríssimo da 'coisa'
Joana diz:
mas eu ando a trabalhar nessa forma
Rogério diz:
estava seguríssimo do que tinha para dizer
Joana diz:
e qualquer forma que eu faça.. trabalhada ou não..
está segura por tudo o que eu criei à volta dela.
Rogério diz:
se tu queres tanto passar o teu processo
para o resultado, ao ponto deles se confundirem,
então tens tu própria que ser honesta com o teu processo
Rogério diz:
não esconder nada
Joana diz:
ok
Rogério diz:
inclusivamente falar sobre isso
Joana diz:
eu sempre disse que o meu projecto era o meu processo.
Rogério diz:
às vezes não há maneira de "performar"
uma coisa de uma forma mais abstracta
Joana diz:
e estou sempre a falar do meu processo.
Rogério diz:
fala-se sobre isso!
Rogério diz:
mesmo que te pareça excessivo
Rogério diz:
mesmo que aches que é informação a mais
Rogério diz:
não sintas pudores com isso
Rogério diz:
imprime os textos que escreveste e dá ao público
Rogério diz:
ou lê-os tu própria
Rogério diz:
sei lá
Rogério diz:
há milhões de coisas que podes fazer
Joana diz:
então se considerar o meu projecto é o meu processo..
é legitimo que apresente única e simplesmente
a minha coisa dia 25?
sem anexos ou qualquer tipo de informação extra.
o processo está na minha coisa
(apresentada em publico) e se quiserem realmente
saber o que é, dirigem se ao blog.
Joana diz:
gosto da ideia de entregar o processo aos espectadores.
Joana diz:
dou-lhes a minha OBRA DE ARTE, nua e crua..
é uma ideia
Joana diz:
talvez tenha mais interesse
do que não entregar nada
Joana diz:
talvez consiga mais resultados
com a entrega dos textos
Rogério diz:
EU acho que deves levar a coisa até
às últimas consequências
Joana diz:
hi hi
Rogério diz:
o processo é uma coisa que já passou
Rogério diz:
as pessoas que estão contigo no dia 25 não
estiveram contigo todos os dias, certo?
Joana diz:
sim
Rogério diz:
mesmo que tenham ido ao blog duas ou 3 vezes
Rogério diz:
portanto, a tua apresentação terá que ser sempre
uma espécie de "historial"
Rogério diz:
como se estivesses a contar a historia
que te fez chegar até ali
Rogério diz:
isto é um pouco o pressuposto do 'FUI'
Rogério diz:
não consigo ajudar-te de outra maneira
a não ser usando os meus exemplos pessoais...
desculpa
Joana diz:
é óbvio que a minha COISA final resulta
de todo um processo...
mas talvez não seja assim tão óbvio esse historial.
há coisas que não estão escritas..
mas que descobri em processo.
Joana diz:
o facto de não ser "óbvio", nunca se questiona
se estou a ser correcta ou não com o meu historial.
desde que seja correcta comigo e com o meu processo.
está correcto.?
Joana diz:
que melhor exemplo que podemos dar,
é o nosso próprio conhecimento
Rogério diz:
sim, com certeza
Rogério diz:
mas aí tens que ter cuidado com as afirmações
que fazes a ti própria e as que fazes ao publico´
Joana diz:
por outro lado, o facto de existir o factor improvisação,
NÃO IRÁ TIRAR legitimidade á coisa?
Rogério diz:
não podes afirmar uma coisa que depois não fazes
Joana diz:
pois eu sei
Rogério diz:
isso da improvisação nem sequer devia ser uma questão
Rogério diz:
para mim, tudo é improvisação
Rogério diz:
estás sempre a jogar com coisas imprevistas,
com o aqui e agora
Rogério diz:
e isso não tira nem dá legitimidade
Joana diz:
em termos práticos, o som eu não controlo ,
tenho uma estrutura, e alguns pontos chaves..
mas a performance nunca é igual.
desde que seja coerente comigo, é válido!
Rogério diz:
é um dado adquirido
de toda e qualquer performance
Joana diz:
ok
Joana diz:
bem visto
Rogério diz:
guarda esta conversa e põe no blog
Rogério diz:
LOOL
Joana diz:
está guardadíssima
Joana diz:
sabes uma coisa? o ideal não
é dar o processo é dar a nossa conversa
Rogério diz:
LOL
Rogério diz:
tu vê lá o que fazes
Joana diz:
é válido! muito válido
Rogério diz:
he he
Joana diz:
estivemos em LIFE-ZONE
| estado: LIFE-ZONE |
Joana diz:
ola Roger.
Rogério diz:
oi!
Joana diz:
Tu não viste a minha performance,
mas os meus colegas também não.
Roger diz:
ai não?
Joana diz:
não
Joana diz:
e se o meu projecto é o meu processo..
eles antes de verem a performance
têm de conhecer o processo.
Joana diz:
certo?
Rogério diz:
não necessariamente
Rogério diz:
tu podes ter o processo dentro da tua apresentação
Rogério diz:
nesse caso, terias de dizer que a tua performance
já começou, quando começaste a trabalhar nela
Rogério diz:
e aí o processo seria encarado de uma outra forma
Joana diz:
mas.. como exteriorizo isso?
Rogério diz:
não é uma questão de exteriorização,
apenas e só de nomeação
Rogério diz:
ou seja, se tu dizes, o meu processo é o meu resultado,
o público vai ver um ensaio teu (por exemplo)
e encara-o como resultado
Rogério diz:
ou como uma peça desse resultado
Joana diz:
hmm..
Joana diz:
mas segundo aquilo que eu tenho feito
"os meus desempenhos",
julgo que iria resultar algo demasiado vazio
Joana diz:
ou então.. intrigava o espectador.. e ele após a performance
sentiria interesse em saber o que está por detrás disto tudo.
Joana diz:
poderá ser?
Rogério diz:
possivelmente
Joana diz:
ok
Rogério diz:
aquilo que eu acho é que quanto mais
pensarmos no papel do espectador,
menos nos aproximamos dele
Joana diz:
perdi-me
Rogério diz:
por isso é que a mim não me choca nada que tu
tenhas feito uma coisa de ti para contigo
Rogério diz:
porque isso é que é arte!
Rogério diz:
eu não concebo arte de outra forma
Joana diz:
perdi-me com o turbilhão de cenas que ouvi
Rogério diz:
é natural
Rogério diz:
já leste o mail que te enviei?
Joana diz:
talvez AINDA não tenha estofo suficiente para dizer
ISTO É MEU, isto é a minha arte
Joana diz:
sim
Rogério diz:
minha querida, só podes ter estofo para isso!
Rogério diz:
o contrário é que seria altamente perverso
Joana diz:
estou a dar em doida
Rogério diz:
se tu, com a tua idade e a tua experiência,
te pusesses já com grandes elaborações sobre
o papel do publico, isso sim, seria preocupante
Rogério diz:
eu sinceramente não percebo as pessoas...
Rogério diz:
não estou a falar de ti, obviamente...
Joana diz:
ok
Joana diz:
ja apaguei
Joana diz:
por vezes sinto me sozinha nesta batalha.
Joana diz:
que nervos
Rogério diz:
por isso é que eu te dizia para te apoiares
nas pessoas (profissionais) que te acompanharam
durante este processo
Joana diz:
elas andam sempre em meu redor
Joana diz:
e nunca me colocaram as questões que hoje foram feitas.
Joana diz:
por isso é que entrei em pânico
Joana diz:
é legitimo que eu diga: o meu processo é o meu resultado?
o meu processo é demasiado rico para o resultado.
por isso necessito que conheçam o meu processo.
Joana diz:
por outro lado, o ideal era que o resultado fosse bombástico,
para que não houvesse necessidade de socorrer ao processo.
Joana diz:
já fiz tanta coisa, que me perdi em mim e no meu processo. preciso de me situar.
Rogério diz:
pois, esse é que me parece ser o problema
Rogério diz:
é essa necessidade que as pessoas têm se ver
"coisas bombásticas" a acontecer
Rogério diz:
essa paranóia pelo "espectacular" que me
irrita profundamente
Joana diz:
hi hi
Rogério diz:
por isso é que eu digo que deve haver aí
muito preconceito e ignorância
Rogério diz:
e deves ignorar isso!
Joana diz:
quando disse bombástica, é a cena deles conseguirem TOCAR
Joana diz:
o que eu queria é que as pessoas sentissem
a FUGA, que é a mesma cena que eu sinto
quando vou ver algumas performance.
é quando a cena bate bem lá no fundo
Rogério diz:
pois, mas tu não podes ter esse tipo de
expectativa em relação ao público
Rogério diz:
porque as pessoas são todas muito diferentes
Joana diz:
eu sei... nem sei se vou conseguir..
mas um dois objectivos é esse.
Rogério diz:
e uma coisa que te bate a ti, pode não bater
às 30 pessoas que por acaso foram ver a tua performance
Rogério diz:
tu só consegues mesmo ter algumas certezas
(e ainda assim podes enganar-te)
se trabalhares com cada pessoa individualmente!
Rogério diz:
caso contrário, terás sempre pessoas que vão
sentir aquilo que tu esperas e outras que não
Joana diz:
então qual é o intuito da minha performance?
Rogério diz:
como artista, tens que estar permanentemente
disponível para que o espectador faça as
leituras mais disparatadas em relação ao teu trabalho
Joana diz:
eu sei que para po-las a TOCAR é difícil..
mas fazê-las perceber é essencial.
Joana diz:
não posso criar arte para o vazio.
isso não é arte?
Rogério diz:
é como te digo no mail: a arte tem que te
servir a ti em primeiro lugar
Joana diz:
era bom que todos tivessem disposição para isso
Rogério diz:
logo, nunca será para o vazio
Joana diz:
mas arte só para me servir a mim, não é arte.
tem de ser sentida como tal pelos outros. certo?
Joana diz:
então as pessoas que estão a colaborar
comigo, bem como professores..
basta para a minha arte ser legítima?
Rogério diz:
a partir do momento que tu abres as portas
daquele armazém e deixas as pessoas entrar para te ver,
estás a partilhar a tua arte
Rogério diz:
deixa de ser só tua
Rogério diz:
é esse o instante em que o teu processo Se legitima
Joana diz:
hmmm.
Joana diz:
ok .. já percebi
Joana diz:
OBRIGADO
Rogério diz:
em já passei por processos em que nunca,
mas mesmo nunca, pensei no público
Rogério diz:
já cheguei mesmo a dirigir um workshop
em Braga sobre isso
Rogério diz:
os alunos faziam tudo de acordo com um
único lema: "as coisas que me dão imenso prazer fazer"
Joana diz:
fixe
Rogério diz:
se for dançar durante 6 horas, seja!
Joana diz:
precisava de outro VOU A TUA CASA
Joana diz:
parece que estou com amnésia
Rogério diz:
abrimos as portas ao público e o público passou-se
Joana diz:
acredito
Rogério diz:
houve quem tivesse detestado, quem tivesse achado que
estávamos a gozar com eles,
e houve pessoas que foi a melhor coisa que viu na vida
Rogério diz:
e isto é fantástico
Joana diz:
hi hi
Joana diz:
isso é porreiro
Joana diz:
mas se ninguém tivesse gostado.
ia considerar se estava no caminho certo ou não
Rogério diz:
isso depende muito das pessoas que vão ver
Rogério diz:
por isso é que eu te sugiro no mail que
penses muito bem nas pessoas que foram ver
Rogério diz:
que tipo de pessoas eram na generalidade
Joana diz:
ok
Joana diz:
professor Helder, Sónia, Susana, Helena e a Cristiana
Rogério diz:
porque nós não andamos aqui a
"fazer as coisas para público"
Joana diz:
o João costa também já viu
Rogério diz:
mas também não andamos aqui a
preocupar-nos só com uma faixa muito
especifica de publico
Joana diz:
a cristiana enviou-me um e-mail.
Alertar-me para algumas questões
Joana diz:
a cena que me intriga é que só
tenho na realidade 1 pessoa muito
interessada no meu projecto
Joana diz:
essa pessoa é válida?
Joana diz:
o que me intriga é que o facto das pessoas
me estarem a ajudar e a opinar,
não quer dizer que acreditem na minha cena
Joana diz:
ou será que acreditam e isso esta subentendido?
Rogério diz:
tu és uma rapariga muito complicadinha,
valha-te deus!
Joana diz:
...
Rogério diz:
acho que pensas demais!
Joana diz:
talvez
Rogério diz:
em primeiro lugar, se tiveres só uma pessoa
interessada no teu trabalho, optimo!
Rogério diz:
mais um preconceito:
o da quantidade em vez da qualidade
Joana diz:
ok.
Joana diz:
vou parar de pensar
Rogério diz:
apoia-te nessa pessoa,
ou nesse grupo reduzido de pessoas
Joana diz:
vou entrar em IT
Rogério diz:
eu, por exemplo, posso dizer-te que desde
há dois anos para cá,
deixei de me preocupar com críticos
Rogério diz:
porque cheguei à conclusão que não havia
um único em Portugal que entendesse
deveras o meu trabalho
Rogério diz:
comecei a ver quem é que via o meu trabalho
com olhos de ver, e virei a minha
atenção para outras pessoas
Rogério diz:
espectadores comuns, essencialmente
Rogério diz:
mas também estudantes, académicos,
investigadores, etc.
Joana diz:
tens razão.
Joana diz:
só estou a teimar numa cena.
O meu processo é o meu projecto.
porém posso apresentar única e simplesmente
a minha performance sem que o
publico conheça o processo.
Joana diz:
é sempre legitimo.. porque já reparei que o que
mais me preocupava era se
estava a CRIAR arte ou não.
Rogério diz:
pois
Rogério diz:
e isso não pode ser uma preocupação!
Rogério diz:
era o que eu ia dizer-te a seguir
Rogério diz:
e foi o que nós estivemos a trabalhar no workshop
Rogério diz:
tu tens quer dar às ideias a "forma" que elas trazem com elas,
mesmo que essa forma te pareça pouco ou nada "artística",
pouco ou nada "espectacular", entendes?
Joana diz:
e já vi que estou, porque tenho pessoas que o
compreendem.. nem que seja uma pessoa.
Rogério diz:
por isso não podes pensar se estás ou não a fazer arte
Rogério diz:
lembras-te daquele exemplo do 'fui' que e vos dei,
de eu ter ido procurar publico para os
espectáculos em torres Vedras?
Joana diz:
sim
Rogério diz:
eu até à ultima hora nunca soube que
"forma" é que a apresentação publica ia ter
Rogério diz:
mas estava seguríssimo da 'coisa'
Joana diz:
mas eu ando a trabalhar nessa forma
Rogério diz:
estava seguríssimo do que tinha para dizer
Joana diz:
e qualquer forma que eu faça.. trabalhada ou não..
está segura por tudo o que eu criei à volta dela.
Rogério diz:
se tu queres tanto passar o teu processo
para o resultado, ao ponto deles se confundirem,
então tens tu própria que ser honesta com o teu processo
Rogério diz:
não esconder nada
Joana diz:
ok
Rogério diz:
inclusivamente falar sobre isso
Joana diz:
eu sempre disse que o meu projecto era o meu processo.
Rogério diz:
às vezes não há maneira de "performar"
uma coisa de uma forma mais abstracta
Joana diz:
e estou sempre a falar do meu processo.
Rogério diz:
fala-se sobre isso!
Rogério diz:
mesmo que te pareça excessivo
Rogério diz:
mesmo que aches que é informação a mais
Rogério diz:
não sintas pudores com isso
Rogério diz:
imprime os textos que escreveste e dá ao público
Rogério diz:
ou lê-os tu própria
Rogério diz:
sei lá
Rogério diz:
há milhões de coisas que podes fazer
Joana diz:
então se considerar o meu projecto é o meu processo..
é legitimo que apresente única e simplesmente
a minha coisa dia 25?
sem anexos ou qualquer tipo de informação extra.
o processo está na minha coisa
(apresentada em publico) e se quiserem realmente
saber o que é, dirigem se ao blog.
Joana diz:
gosto da ideia de entregar o processo aos espectadores.
Joana diz:
dou-lhes a minha OBRA DE ARTE, nua e crua..
é uma ideia
Joana diz:
talvez tenha mais interesse
do que não entregar nada
Joana diz:
talvez consiga mais resultados
com a entrega dos textos
Rogério diz:
EU acho que deves levar a coisa até
às últimas consequências
Joana diz:
hi hi
Rogério diz:
o processo é uma coisa que já passou
Rogério diz:
as pessoas que estão contigo no dia 25 não
estiveram contigo todos os dias, certo?
Joana diz:
sim
Rogério diz:
mesmo que tenham ido ao blog duas ou 3 vezes
Rogério diz:
portanto, a tua apresentação terá que ser sempre
uma espécie de "historial"
Rogério diz:
como se estivesses a contar a historia
que te fez chegar até ali
Rogério diz:
isto é um pouco o pressuposto do 'FUI'
Rogério diz:
não consigo ajudar-te de outra maneira
a não ser usando os meus exemplos pessoais...
desculpa
Joana diz:
é óbvio que a minha COISA final resulta
de todo um processo...
mas talvez não seja assim tão óbvio esse historial.
há coisas que não estão escritas..
mas que descobri em processo.
Joana diz:
o facto de não ser "óbvio", nunca se questiona
se estou a ser correcta ou não com o meu historial.
desde que seja correcta comigo e com o meu processo.
está correcto.?
Joana diz:
que melhor exemplo que podemos dar,
é o nosso próprio conhecimento
Rogério diz:
sim, com certeza
Rogério diz:
mas aí tens que ter cuidado com as afirmações
que fazes a ti própria e as que fazes ao publico´
Joana diz:
por outro lado, o facto de existir o factor improvisação,
NÃO IRÁ TIRAR legitimidade á coisa?
Rogério diz:
não podes afirmar uma coisa que depois não fazes
Joana diz:
pois eu sei
Rogério diz:
isso da improvisação nem sequer devia ser uma questão
Rogério diz:
para mim, tudo é improvisação
Rogério diz:
estás sempre a jogar com coisas imprevistas,
com o aqui e agora
Rogério diz:
e isso não tira nem dá legitimidade
Joana diz:
em termos práticos, o som eu não controlo ,
tenho uma estrutura, e alguns pontos chaves..
mas a performance nunca é igual.
desde que seja coerente comigo, é válido!
Rogério diz:
é um dado adquirido
de toda e qualquer performance
Joana diz:
ok
Joana diz:
bem visto
Rogério diz:
guarda esta conversa e põe no blog
Rogério diz:
LOOL
Joana diz:
está guardadíssima
Joana diz:
sabes uma coisa? o ideal não
é dar o processo é dar a nossa conversa
Rogério diz:
LOL
Rogério diz:
tu vê lá o que fazes
Joana diz:
é válido! muito válido
Rogério diz:
he he
Joana diz:
estivemos em LIFE-ZONE
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